quarta-feira, 6 de junho de 2012

O improviso bem feito


O que é mais importante na produção de um videoclipe, ter recursos ou ter uma boa ideia?
  
A resposta mais óbvia com certeza é, que de nada vale ter uma boa ideia se não tiver recursos para executá-la, ou que de nada vale ter recursos se não tiver boas ideias em mente. Mas nada é assim tão óbvio...
 A equipe do Clipê na internê foi até a região da Brasilândia, periferia de São Paulo, para conhecer o MacGyver  do audiovisual, seu nome é Valmir Puertas Rodrigues, ou simplesmente VRAS 77. Ele contrariou todas as respostas óbvias e mostra que com improvisação e determinação é possível realizar incríveis produções audiovisuais, neste caso especificamente produzir videoclipes.


O local onde Vras realiza todo o processo de edição de seus videoclipes é em sua própria casa, humilde, de apenas um cômodo, que parece pequeno para tamanha criatividade. Mas é desse cômodo que ele faz sua Ilha de Edição e de lá saem prontas todas as grandes produções de videoclipes, que fizeram dele uma referência na produção desse gênero no Brasil. 
Vras conta que quando começou a fazer videoclipes, não tinha nada: 
"Eu morava em um barraco de madeira, ainda moro em uma comunidade, mas pelo menos é de tijolo e tem teto né? O que me levou a isso foi a determinação, um sonho, de passar o que está na minha cabeça."
 E tem dado muito resultado! Vras está produzindo em média 30 trabalhos por ano, foi convidado a participar do Fórum Social Mundial, já foi colaborador do programa A LIGA, assina como diretor de 6 clipes que estão na programação da MTV e ministra workshops para turmas de 40 pessoas, o que mostra a humildade dele, pois Vras não teve a mesma sorte; 
"Eu chegava na galera e perguntava: Como que eu faço para poder pegar uma fita de vídeo e colocar dentro de um computador? Porque eu olhava atrás do computador e não tinha entrada RCA, vamos dizer assim, e eu chegava para algumas pessoas que aprenderam a fazer a parada e perguntava. E o cara simplesmente falava: '-Eu paguei para aprender, não vou poder te ensinar.'".
  
E mesmo com todas as dificuldades VRAS 77 fez o seu nome no cenário do Hip Hop, por dirigir videoclipes de artistas ainda não renomados e ajudá-los de certa forma a divulgar seus trabalhos e fortalecer o rap nacional, até começar a dirigir produções de grupos de rap muito conhecidos como:







Com táticas pra lá de inusitadas Vras poderia ser o funcionário dos sonhos do departamento financeiro de uma grande produtora. Ele construiu sua própria Grua, que é um equipamento de filmagem caríssimo que pode chegar ao valor de 12 mil reais, com materiais recolhidos em um ferro velho, que lhe custaram menos de cem reais. E o mais interessante é que o efeito visto no resultado final é o mesmo!

Grua Original                x                  Grua do Vras77
E isto é só uma amostra dos improvisos que ele faz para gravar seus videoclipes. Assistam a alguns dos making ofs que ilustram bem o trabalho de Vras:

            A experiência que tivemos com Vras, nos mostrou que não há limites para a criação, o mais importante é ter a humildade de aprender, e não ter medo de experimentar, afinal videoclipe e a experimentação andam lado a lado.

                 E nas palavras de Vras ele descreve bem a essência do que é o videoclipe:
‘‘Quando você escuta uma música, vem um roteiro na sua cabeça automático e você imagina. Então se você conseguir passar isso, a sensibilidade para dentro de uma imagem, um olhar seu e milhões de pessoas verem depois e gostarem, quer dizer que você tem um resultado."


quarta-feira, 23 de maio de 2012

A experimentação é que o torna diferente



Experimentar, criar e inovar!

O videoclipe tem em sua essência esses três fundamentos. Existem diferentes tipos de produções do gênero, e é claro, nem todas são experimentações ou inovações, mas em um videoclipe é permitido ter uma liberdade muito maior para que isso aconteça.
Na fase de produção, a iluminação pode ser um fator determinante para enfatizar o cantor, para isso o diretor se utiliza de uma iluminação mais marcante, vista também em anúncios publicitários. Ou pode utilizar características de gêneros do cinema para ilustrar o tema de um videoclipe, que pode passar de terror a comédia. Sempre com a liberdade de criação.

Neste videoclipe a iluminação se torna um fator determinante para enfatizar o cantor

Na fotografia é possível fazer diferentes planos e contar uma mesma história de maneiras bem distintas. Fazendo valer sempre o objetivo da produção de um videoclipe, que pode ser desde associar música e imagem até criar uma identidade visual da banda ou artista. Exemplos bem nítidos disso podem ser notados em planos que começam mais abertos e focam em algum elemento específico, muito utilizado no cinema, ou em planos sequencia (sem montagem ou edição).

   
Videoclipe da Banda Ira, filmado em plano sequencia, que conta muito sobre a identidade visual da banda

No figurino e cenografia, as produções mais inovadoras são aquelas que ditam modas e tendências. E o videoclipe tem um papel importantíssimo neste aspecto, principalmente para a cultura jovem.

O videoclipe exemplifica bem o quanto um videoclipe pode ‘’tendenciar’’ uma geração

Com o roteiro a invenção fica evidente quando o videoclipe não segue uma linearidade, ou seja, as diferentes formas que as cenas são vistas, na maioria das vezes dispostas aleatoriamente, mostram que o roteirista pode contar a história de diferentes formas, sem seguir uma regra de narração. A experimentação no roteiro é o que mais acontece na produção de videoclipes.

Roteiro com cenas aleatórias numa narração não linear, considerado um dos melhores da história

Mas é na pós-produção, que são feitas as cenas com cortes secos e rápidos que dá a agilidade necessária ao vídeo ou que também podem ser inseridas de acordo com o ritmo da música.

Jaws, nova produção dos Raimundos, é um bom exemplo de videoclipe com cenas rápidas, ritmo acelerado e que flui de acordo com a música:

Experimentar, criar e inovar!
É galera... Tanto para um profissional do ramo audiovisual, quanto para um expectador, é a oportunidade de fugir do comum que faz do videoclipe um gênero tão popular e de tamanha importância na criação de novas identidades visuais.



Fontes:

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Fantásticas produções em terras tupiniquins



Hello, Crazy People, Big Boy rides again!

Era com essa frase que sempre começava o quadro film clips de Big Boy, um dos maiores divulgadores da música pop internacional no Brasil, passado na TV GLOBO dos anos 70.  Sim, os videoclipes são transmitidos desde essa época nas nossas telinhas. Entretanto, só passamos a ter videoclipes genuinamente brasileiros a partir do momento em que o programa dominical Fantástico consolidou o gênero, produzindo e veiculando os videoclipes de artistas brasileiros.
            O 1º videoclipe exibido no Brasil foi América do Sul. Este videoclipe foi ao ar em 1975 justamente no programa Fantástico da TV GLOBO.
Nele, vemos Ney Matogrosso exibindo suas coreografias pra lá de exóticas em meio a um campo aberto:


Produzindo videoclipes e alavancando a música nacional, o Fantástico trouxe a tona o chamado BRock, que atuou de forma significativa no cenário do entretenimento brasileiro. E os videoclipes foram de suma importância para popularizar o rock em terras tupiniquins, onde até então somente a MPB era aceita.
O Fantástico arcava com despesas da produção e veiculação dos videoclipes, realizava entrevistas e matérias especiais com as bandas nacionais e com isso fixou de vez o gênero videoclipe em nosso país.
Mas nos anos 90 o fenômeno da globalização gerou mudanças estéticas e culturais, mudanças essas que influenciaram a música nacional. Aliado a isso, a tecnologia que barateou a produção de CD(s) e LP(s), fez com que as gravadoras dessem mais espaço à produção de videoclipes. Tudo isso facilitou a chegada do canal MTV Brasil, que já existia desde 1981 nos Estados Unidos.
A chegada da MTV alavancou novamente a música nacional, pois teve como principal atração os videoclipes, que ajudaram a popularizar mais bandas de rock, hoje conhecidíssimas como O Rappa, Cidade Negra, Raimundos e Skank, por exemplo. Hoje o principal divulgador do gênero no país é a internet, nos anos 90 foi a MTV, mas com toda certeza a base da Pirâmide encontra-se neste programa dominical da TV GLOBO, o Fantástico.

Deixaremos aqui, bons exemplos dos videoclipes brasileiros veiculados pelo Fantástico, vale muito a pena assistir:

Fabio Jr – 20 e poucos anos



RPM  - Olhar 43



Blitz – Você não soube me amar



As Frenéticas – Dancin’ Days





E pra quem quiser ver um documentário sobre o Big Boy vejam esse vídeo, vale a pena conferir!


Parte 1




Parte 2




Fontes:

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Views no Youtube ou MTV?



 Ficamos pensando sobre o comentário de um entrevistado para o Clipê na Internê, que dizia o seguinte:
"Eu acho que views no Youtube estão valendo mais do que você passar na MTV, por exemplo, ou em algum canal de clipe."

Não é à toa que hoje em dia artistas têm produzido cada vez mais videoclipes. As oportunidades de ter seu videoclipe visto por um número cada vez maior de pessoas cresceu muito de uns tempos pra cá, principalmente com o advento do Youtube. Com isso, os antes chamados canais musicais foram deixando o gênero cada vez mais fora de sua grade de programação. Mas ainda assim, há quem diga que ter seu videoclipe veiculado em um canal como a MTV, por exemplo, é muito mais vantajoso do que ter milhares de visualizações no Youtube.
Procuramos saber a opinião de algumas bandas do circuito Underground para entender um pouco mais sobre o que eles preferem e lançamos a pergunta...


"Para um videoclipe da sua banda, o que vocês preferem:
1 milhão de views no Youtube ou uma aparição na MTV?"





"Com certeza 1 milhão de views no Youtube, na MTV seria legal mas com certeza não estaria sendo direcionado ao nosso público alvo, já pelo Youtube, é acessado somente ao público que se interessa pela banda."








"1 milhão de views no Youtube ia ser muito bom mesmo mais uma Aparição na MTV ia ser melhor porque eu acho que ia ter mais gente."












"Aparições na MTV. Indo na MTV poderemos ultrapassar essa quantia de visualizações e conseguir mais fãs pelo brasil todo."






"Youtube... Por conta de que as visualizações no Youtube são intencionais, as pessoas só acessam o que querem e o que desejam. E a MTV há muito tempo não tem espaço para bandas "não comerciais" e com uma temática antissistema como o Liberpensulo."









"Preferiria ter 1 milhão de views verdadeiros né, porque tem muita banda que tem mais não tem, se é que você me entende! Acho que com 1 milhão de views nós já estaríamos na MTV também, tudo ficaria mais fácil."










"Achamos que ter 1 milhão de views seria mais honesto, porque indicaria que estamos realmente conquistando nosso público tão sonhado. Aparecer em TV do nada, seria como forçar algo como um monte de bandas fazem, pagando assessoria."









"Com a abrangência que tem a internet hoje preferimos ter um clipe bombando no Youtube do que aparecer na MTV. Também porque a MTV tem um público bem específico atualmente, diferente do que queremos atingir."

  






"Preferíamos ter 1 milhão de views no Youtube... Creio que portas se abrem quando você tem seu trabalho reconhecido por um milhão de pessoas que estão ligados no que acontece no mundo através da internet. Não que aparecer na MTV não seria bom, mas acho que ficaríamos muito felizes dessa forma também."




"Entende-se que Youtube é algo completamente interativo logo a quantidade de "views" supostamente significaria pessoas que se interessaram em ver seu trabalho. Todavia nem sempre quantidade aponta qualidade, mas entre os dois acho que o Youtube, ou vimeo são melhores que a MTV que há muito tempo deixou de ser um canal de musica boa."

"Hoje em dia uma marca tão expressiva como a de 1 milhão de views no Youtube não é pra qualquer banda, por mais que a internet possua infinitos caminhos pra divulgação. Mas para que alcançássemos essa marca no Youtube sem o clipe ter aparecido na MTV, seria muito difícil, afinal a aparição do clipe na grade é devido aos milhões de pedidos do público, seja o da internet ou dos shows, o que resulta e nos dá uma noção da nossa força. Uma exibição do nosso clipe nos programas como TOP 10 MTV e ACESSO MTV, atingiríamos numa tacada só 200.000 pessoas assistindo, surreal seria os nossos fãs assistindo e os fãs da Lady Gaga esperando o clipe dela na sequência por exemplo (risos), e com isso iria acontecendo o famoso boca a boca, o que é super importante. Enfim, preferíamos o nosso clipe exibido na MTV, o retorno disso é bem maior que um click."



Como deu pra ver, uma aparição na MTV significa muito pra essa galera, mas o cenário mudou, estamos na era da convergência, na era da internet e hoje vemos que 1 milhão de views no Youtube contam muito mais que uma aparição na MTV.

Será que ela vai dar a volta ou a cena vai se converter para a internet?

E você? Qual a sua escolha?

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Videoclipes na era da convergência



          Nada até agora era tão controverso quanto o surgimento do Universo! Adão e Eva, Teoria da Evolução de Darwin, Big Bang. Tudo isso sempre foi o que mais mexeu com o nosso imaginário. Até agora...

           Entrando a fundo no assunto videoclipes, vemos que existem muitas controvérsias a respeito do surgimento deste gênero. Um seminário conceituadíssimo, como o NME5, por exemplo, defende que o marco inicial foi com a canção Bohemian Rhapsody, do Queen, produzido em 1975. Mas há quem diga que Thriller, famoso clipe do astro Michael Jackson, foi a primeira grande produção. E também tem a história dos Beatles, que foram pioneiros em muitas coisas na história da música, e com clipes não poderia ser diferente. Muitos acreditam que, A Hard Day’s Night, tenha sido o primeiro clipe de música da história. Apesar de A Hard Day’s Night ser um filme. Mas esta discussão fica para um próximo post...

          O gênero encontrou como seu principal divulgador os canais musicais. E não há como falar de videoclipes sem falar de MTV. Na década de 80, com a criação do canal e principalmente na década de 90, com o auge do gênero. Mas se antes a MTV praticamente conduzia o pensamento dos jovens, hoje os jovens convergiram toda a atenção para a internet, e a liberdade de escolha prevaleceu. Hoje os videoclipes não encontram mais tanto espaço na televisão, e são divulgados em portais audiovisuais, como o já muito famoso youtube.

         E nós da 8K Produções vamos focar nossos olhares nesse período de mudanças que estamos vivendo. A Era da Convergência. Tema este, que nos chamou muita atenção, por conta dos chamados virais da internet, que se tornaram famosos por conta dos clipes postados na rede. É incrível pensar que, nos dias de hoje, tanto os profissionais quanto os amadores que produzem videoclipes ou spoofs(vídeos criados pela audiência) disputam o mesmo espaço democrático, que é a internet.




Fontes: